quarta-feira, 26 de março de 2008

As três ficções

"Eisenman responde que a arquitetura padeceu das ilusões de três ficções ou simulações por ter continuado a apoiar-se em noções de origens e fins e em processos estratégicos de composição. Eisenman desenvolve uma análise crítica das "ficções" - razão, representação e história - e propõe como alternativas às origens as noções de tipo, função ou outros valores externos à arquitetura... ele afirma que a função limita as possibilidades da arquitetura. Eisenman propõe em lugar das falsas origens, a condição do não-clássico, isto é, a arquitetura como um discurso independente ou como um texto livre de significados, arbitrário e intemporal."

Qual pode ser o modelo para a arquitetura quando tudo o que foi pensado e acreditado anteriormente mostrou ser uma simulação? Não se pode responder a esse questionamento com um modelo novo. O que se propõe são características, discursos independentes, livres de valores, muito além das limitações apresentadas pelo clássico.

Arquitetura da Diferença


"Uso o diagrama não como forma, mas como idéia. Tento encontrar algo que funcione como diagrama para gerar algo a partir das condições que não poderia ter previsto anteriormente. O diagrama é diferente em cada caso. A mudança, ou o uso, da concepção do diagrama tem evoluído de diagramas mais simples até outros mais complexos. Meus projetos sempre surgem de uma idéia sugerida pelo programa, ou do lugar e sua história. Sempre deve se contar com uma idéia prévia sobre o motivo pelo qual se está solucionando um problema." (Peter Eisenman)

Peter Eisenman utiliza-se de conceitos, sua forma de projetar é a partir de um diagrama, o qual não é, primeiramente, um projeto. É uma forma de texto. Eisenman constrói um discurso estruturante para tentar provar as formas. A arquitetura desconstrutivista não é igual para os arquitetos. Não existe uma base conceitual, a arquitetura busca criar perceptos. Quanto mais se aproxima da arte, cria novos perceptos.

As dez casas


AS DEZ CASAS


As dez casas experimentais de Peter Eisenman se configuram como uma experimentação das suas teorias desconstrutivistas formuladas com Derrida.
As casas passam por um processo de desconstrução a partir do centro, obtendo vários
Fragmentos que podem propor novos significados.
,Todas as casas de Eisenman partem do cubo , que passa por rotações, torções, trasformações; se constituindo em um elemento distinto de qualquer projeto oriundo dos modelos modernistas. Os projetos das dez casas criticavam a concepção do espaço postulado do modernismo.

HOUSE II


A casa II (acima) é projetada por Eisenman e são elementos verticais e horizontais combinados e interligados. Esta casa é articulada por uma grelha de3x3x2.. A estrutura da casa é formada por 16 pilares verticais - quatro em cada lado e quatro no meio. Transforma-se uma grade de 9 divisões, quadrada na parte externa e constitui o espaço em 3 compartimentos.

HOUSE III



A casa III é uma colisão a 45° de dois cubos. A colisão se faz na estrutura, volume e no espaço. Seguindo estas colisões rigorosamente, as diagonais e os ângulos retos se confundem. A house III também possui uma articulação da grade de eisenman de 9 divisões em cada cubo. A partir da casa VI Eisenman torna o seu estudo de grades mais complexo.

HOUSE VI - Frank's house


O segundo projeto de Peter eisenman, a casa VI, ficou famosa por sua definição revolucionária de casa e pelos problemas de design e dificuldade de uso. O projeto da casa foi concebido a partir de um processo conceitual também fixado em suas teorias de grelhas cartesianas.
Eisenman criou a forma a partir da interseção de planos, depois manipulou as estruturas várias vezes até a formação dos espaços. A forma e a estrutura do edifício são manifestações de mudança dos elementos usuais das estruturas (lajes, pilares, vigas) para elementos não óbvios. Peter faz uso da semelhança formal para obter ilimitados planos formais.
A parte de trás da casa possui uma grande superfície plana, com vários elementos verticais articulados na direção do movimento. As linhas das colunas se projetam para o exterior, assim como a pilastra extendida que corta o espaço entre os dois volumes.
A casa VI exclui os indícios de qualquer fato contextual, forte tradição colonial local e características da família. Suas características são claramente pós mdoernas, é um jogo de transformações dos elementos estruturais, sobretudo as colunas.



As casas de Peter Eisenman são quebras com os parâmetros atuais e as noções de casas que nós temos. Nos levam a pensar sobre os conceitos de espaço e sua funcionalidade. São desconstruções e reconstruções a partir de novos perceptos da arquitetura e não simplesmente seguir os seus conceitos óbvios

Quem sou eu

Este blog tem como objetivo estudar e discutir os arquitetos contemporâneos. Analisando suas ideologias e tendências arquitetônicas para então conhecer a fundo o seu estilo.